Venho de longe
Antigamente
Cheio de vida
A minha e dos ...
que em mim habitavam
Antigamente
Cheio de vida
A minha e dos ...
que em mim habitavam
A mata abrigava-me
Por entre suas arvores
E folhas, o sol aquecia-me
Das minhas entranhas
Sentia a vida nascer
Meus guardiões
Usavam arcos e flechas
Vieram outros seres
Fisicamente eram parecidos
Mas suas almas não
Meus protetores expulsos
Passei a ser maltratado
Do curso normal
Comecei a ser desviado
Por assoleamento sufocado
Sou hoje esse fio d' agua
Que corre fétido
Habitam em mim
Pesticidas, herbicidas
Dejetos humanos e seus pertences
Morro em vida
Sou rio, fui rio
Minha nascente, sobrevivente
Porque não sabem de onde venho
Não deixem-me morrer
Sou vida alimento
Tiravam de mim sustento
Mas o ser sem alma
Possesso, mata-me
Em nome do progresso
Venho limpo
Da nascente
Trazendo vidas
No meu trajeto
Suprimidas
Fui um rio
Hoje vida minha
E dos meus dependentes
Corre por um fio.
Antonio Campos 17/09/08.